Clóvis Afonso Spohr – presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Chapecó (CDL)
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Chapecó, Clóvis Afonso Spohr, destaca o esforço do setor para enfrentar a pandemia no município e recuperar as perdas provocadas em um ano de crise.
Nesta entrevista, o dirigente aponta os desafios dos lojistas, avalia as ações do governo no enfrentamento do contágio e sugere os caminhos para superar o problema: melhor planejamento, maior suporte aos setores e mais empatia. “Nosso foco neste momento está no problema, que é o coronavírus, para amanhã voltarmos a pensar nos negócios. Não seria humano se fosse de outra forma”.
Como o senhor avalia os impactos da pandemia ao setor?
Clóvis Afonso Spohr: A pandemia impactou todos os setores, especialmente o comércio, com prejuízos astronômicos em todos os aspectos, sejam sociais, profissionais e financeiros. Num primeiro momento não conseguimos absorver todos esses impactos e, transcorrido um ano, ainda continuamos surpresos e amedrontados. Como é uma atividade diária, o setor sente muito quando há imprevistos. Esperamos superar da melhor maneira possível o quanto antes.
Quantos estabelecimentos fecharam no período? Como está a situação para a retomada?
Spohr: Não conseguimos quantificar de forma absoluta os impactos no comércio local. Muitos fecharam, percebemos pelo desligamento da entidade e também pela redução nas consultas ao SPC. As dificuldades para manter os negócios são enormes, mas Chapecó, muito em função do agronegócio, consegue se superar e ser menos atingida. Falo de uma forma geral, de todos os setores. Conseguimos perceber que o pessoal tem resistido, aguentado, apesar do esgotamento dos recursos. Fechar é a última alternativa. O que nos preocupa muito são as ações daqui para a frente: quando teremos o retorno das atividades de forma minimamente normal? Como retomaremos? Se o governo não agir rapidamente, a resposta para esta pergunta lá na frente será, infelizmente, bem mais negativa. É fundamental que tenhamos suporte e o mínimo de motivação para continuarmos e construirmos um futuro melhor.
Como o comércio está buscando superar a queda nas vendas?
Spohr: O comércio é superação sempre, a cada dia, independente da pandemia. Neste momento, com a crise sanitária, o esforço e a luta são maiores. No início, o setor contou com benefícios, com liberação de recursos e situação de auxílio, mas agora a gente percebe que isso não é suficiente e tampouco duradouro. Cada um, no fundo, tem que achar um caminho porque depender exclusivamente de recursos públicos ou de outras fontes não é algo sólido a se fazer. Há um esgotamento do setor, que já queimou toda a gordura que tinha para queimar. É uma situação bastante delicada em que o empresário está fazendo o que pode para manter seu negócio e enfrentar esse grande desafio.
Como avalia as ações do governo no período?
Spohr: As ações tiveram sua importância, mas foram insuficientes, porque o tamanho do problema se tornou maior que a capacidade de resolução do governo. Houve precipitação em algumas situações, parecendo que iríamos superar tudo em pouco tempo, mas um ano depois ainda convivemos com o problema. Entendemos que o governo precisa rever e planejar melhor as ações porque o fim da pandemia não significa necessariamente o fim da crise. O governo pode mais, reconheço a boa intenção, mas precisa invariavelmente encontrar um projeto de longo prazo para estimular a produção e o desenvolvimento.
Como o setor encara a suspeita de que as lojas abertas influenciam na disseminação do vírus?
Spohr: Não há nenhuma razão para o comércio ser taxado, criticado ou responsabilizado pela disseminação do vírus. Isso não é cabível no nosso contexto, na medida em que o comércio foi o primeiro a providenciar as ações preventivas para poder vender com segurança. Isso foi feito sempre, desde o início da pandemia, de forma muito clara. O comércio não é o culpado pelas aglomerações, até porque não vemos aglomeração no setor há um bom tempo. Infelizmente, em algum momento, o comércio acabou pagando a conta, mesmo assim, sempre foi solícito e se colocou como agente de conscientização no município. Não há ganhadores e perdedores neste momento, apenas pessoas lutando para vencer a crise e retomar a saúde e a economia.
Qual a posição da CDL sobre o lockdown?
Spohr: Falando especificamente de Chapecó, acho que o último lockdown decretado pelo prefeito foi muito coerente. Estávamos em um momento muito difícil em termos de estrutura hospitalar e todo mundo percebeu que era necessário fazer alguma coisa para reduzir o contágio. Nós entendemos, aceitamos e cumprimos. Fora isso, os demais lockdowns, da forma como foram conduzidos, me pareceram inócuos e sem embasamento científico. Entendemos que precisamos restringir as atividades, mas somos contra o lockdown total, porque trabalhar é essencial. Acreditamos que é possível frear o contágio sem parar tudo por completo.
Quais as ações que a CDL desenvolveu neste período de crise?
Spohr: A CDL, neste momento, está mantendo-se próxima ao associado e à comunidade para mantê-los informados e protegidos. Nossas ações presenciais tiveram que ser suspensas, mas continuamos o trabalho educativo. Distribuímos 10 mil máscaras, 4.500 cartazes informativos, 100 litros de álcool em gel e muita informação. Ao lado das federações, também lutamos para buscar recursos, reduzir impostos e contribuir com a sociedade neste momento desafiador. Fizemos o correto: focamos neste momento no problema que é o coronavírus para amanhã voltarmos a pensar nos negócios. Não seria humano se fosse de outra forma. A CDL sempre estará junto com a comunidade e ao lado do seu associado. O apelo que fica neste momento é para ajudarmos uns aos outros, comprarmos de empresas locais, vermos o que o vizinho precisa e tentarmos nos autoestimular. Está difícil para todo mundo e a empatia é fundamental.