Levantamento da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Chapecó evidencia a paralisação do comércio local diante da pandemia do novo Coronavírus que fechou o setor por quase 30 dias. Os números mensuram a queda do ramo que foi o mais prejudicado pela crise em todo o Estado. De acordo com os dados, o movimento do comércio caiu pela metade durante o isolamento.
No período pré-crise, entre 17 de fevereiro e 17 de março, 3.099 registros foram inclusos na base de dados do SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) no município. O número representa a quantidade de CPFs e CNPJs – que podem ter mais de um registro cada – negativados neste intervalo de 30 dias. A quantidade alcança quase R$ 2 milhões em dívidas. No comparativo com o período de restrição do comércio, entre 18 de março e 15 de abril, os dados apontam queda de 50% nos registros. Foram 989 negativações, que somaram R$ 1 milhão em valores devidos.
De acordo com o diretor executivo da CDL Chapecó, Jeancarlo Zuanazzi, apesar de apontarem reduções, os números não trazem um retrato preciso dos prejuízos da crise. “Se não estivéssemos num período de pandemia, dizer que o número de negativados caiu pela metade no município seria algo positivo, porque representaria queda na inadimplência, ou seja, as pessoas estariam conseguindo pagar em dia suas contas. Porém, o que não sabemos é se essa queda nos registros se deve ao fato de os consumidores realmente pagarem mais ou se as empresas não estão registrando devido à falta de venda”, avalia Zuanazzi ao destacar que a crise sugere a segunda opção.
A análise do diretor é reforçada pelos dados das consultas ao sistema do SPC feitas pelos lojistas antes de efetuarem as vendas. Foram 47.718 consultas no período pré-crise e 22.478 no intervalo em que os estabelecimentos ficaram fechados, mantendo a porcentagem de 50% de queda no movimento. “Esse dado é diferente do número de registros porque representa o atendimento no momento da compra. A redução de consultas reflete a queda de clientes”, explica.
RETOMADA
Mesmo com a reabertura do setor na metade de abril, segundo Zuanazzi, é necessário mais tempo para avaliar os impactos, com base no comportamento do consumo e no ritmo da retomada da economia. “É difícil avaliarmos agora. Precisaremos de mais 90 dias pelo menos para entendermos essa nova realidade, como a retomada vai acontecer. A previsão é que seja lenta, diante da queda de emprego e renda. Não sabemos como o consumidor se comportará e como será essa volta ao mercado de quem perdeu o emprego”, ressalta. Conforme pesquisa do Sebrae, divulgada há duas semanas, a pandemia impactou em 12.580 demissões em Chapecó.
Para o presidente da entidade, Clóvis Afonso Spohr, os números indicam as dificuldades enfrentadas pelo setor que precisará se reinventar na crise. Segundo ele, é preciso incentivar o consumo responsável e consciente para que a roda da economia não pare de girar.
“Sabemos que serão dias difíceis, mas cabe a nós o discernimento e a capacidade de analisarmos o momento, avaliarmos o que temos pela frente e tomarmos as atitudes mais corretas. Precisaremos rever conceitos e reconstruir tudo. Também, é importante que as pessoas não deixem de incentivar o comércio local, pagando suas contas ou efetuando novas compras dentro de suas capacidades. É essa atitude que evitará a estagnação da economia local”, sublinha o presidente.