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37% dos inadimplentes não fazem controle das contas e dos gastos, revela pesquisa CNDL/SPC Brasil

Por: CNDL Brasil 7 de agosto de 2025

A inadimplência dos consumidores do Brasil atingiu patamares recorde, o que evidencia a dificuldade do brasileiro em manter suas contas em dia. O cenário de juros elevados e de renda baixa são desafios do poder público, mas a falta de educação financeira dos consumidores também é um componente importante neste contexto. De acordo com uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Offerwise Pesquisas, realizada com consumidores com contas em atraso há pelo menos três meses, 37% dos inadimplentes residentes nas capitais do país admitem que não fazem gestão dos próprios ganhos e gastos, sobretudo porque fazem o controle de cabeça (17%).

As principais razões da falta de controle orçamentário citadas pelos inadimplentes sugerem que a resistência ao controle financeiro não ocorre apenas pela falta de interesse, mas também por experiências frustrantes e por desafios estruturais relacionados à instabilidade da renda: 16% afirmaram que já observaram seus gastos, mas não observaram resultados significativos, o que os desmotivou a persistir na prática. Além disso, 15% atribuem a falta de controle à ausência de disciplina para gerenciar as despesas. Já 14% destacam a dificuldade de manter um rendimento fixo ou o desconhecimento exato de seus ganhos monetários.

“É preocupante que um percentual tão expressivo da população não utilize um método sistemático para organizar seu orçamento. Não importa a ferramenta, o importante é que o consumidor não se desorganize financeiramente. O fundamental é sempre registrar tudo o que se ganha e se gasta, e jamais confiar na memória porque ela falha”, alerta o presidente da CNDL, José César da Costa.

O levantamento mostra ainda que 63% dos consumidores fazem o controle do orçamento, principalmente usando o caderno de anotações (27%) e planilha no computador (23%).

Entre os que controlam seu orçamento, a maior parte das anotações refere-se às despesas essenciais como mantimentos, produtos de higiene, luz, água, aluguel, condomínio, mensalidades de escolas (85%).

Já 77% controlam os rendimentos considerando a soma de todo dinheiro que recebem como salário, mesadas, aluguéis, ajuda de familiares, “bicos”, pensão, aposentadoria. Em seguida, 75% monitoram as prestações de compras de itens como roupas, imóvel, carro etc., enquanto 70% controlam os gastos não essenciais, como salão de beleza, lazer, saídas a bares e restaurantes, lanches, estacionamentos, taxi, roupa e presentes.

35% dos inadimplentes estão esperando ganhar mais dinheiro para começar a organizar a vida financeira

Para quase metade dos entrevistados (47%), a inadimplência foi um episódio isolado, uma vez que enfrentaram essa dificuldade financeira pela primeira vez. Em contrapartida, 26% afirmaram que essa situação se repetiu, caracterizando uma segunda ocorrência, enquanto 17% afirmaram que a inadimplência é um acontecimento recorrente.

Para entender melhor a forma como os consumidores percebem sua vida financeira, a pesquisa investigou afirmações que mais faziam sentido para os entrevistados, revelando padrões de comportamento, desafios enfrentados e mudanças na gestão do orçamento, sendo as de maior concordância: 41% buscam o melhor custo benefício em todas as compras, 35% estão esperando ganhar mais dinheiro para começar a organizar a minha vida financeira, 29% buscam estar sempre informado sobre finanças, organização e educação financeira e 28% admitem que às vezes se descontrolam e gastam mais do que deveriam.

Apesar das dificuldades financeiras, a autopercepção dos inadimplentes sobre a gestão do orçamento é bastante diversificada evidenciando a diferença entre conhecimento e execução do controle dos gastos. 41% avaliam seu conhecimento ótimo ou bom, enquanto 39% o classificam como regular e 18% como ruim ou péssimo.

“Os dados indicam que, para muitos, a gestão de dívidas se torna um desafio contínuo. Embora uma parte significativa das pessoas experimente a inadimplência como um evento isolado, muitas dificuldades recorrentes como instabilidade de renda, falta de planejamento financeiro e controle dos gastos eficaz dificultam os consumidores de saírem da inadimplência”, destaca Costa.

Metodologia

Público-alvo: consumidores com contas em atraso há mais de 3 meses, de todas as capitais brasileiras, homens e mulheres, com idade igual ou maior a 18 anos, de todas as classes econômicas.

Método de coleta: pesquisa realizada via web e pós-ponderada por sexo, idade, estado, renda e escolaridade.

Tamanho amostral da Pesquisa: 600 casos, gerando uma margem de erro no geral de 4 p. p. para um intervalo de confiança a 95%.

Data de coleta dos dados: 22 a 30 de janeiro de 2025.

Sobre a CNDL – Criada em 1960, a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) é formada por Federações de Câmaras de Dirigentes Lojistas nos estados (FCDLs), Câmaras de Dirigentes Lojistas nos municípios (CDLs), SPC Brasil e CDL Jovem, entidades que, em conjunto, compõem o Sistema CNDL. É a principal rede representativa do varejo no país e tem como missão a defesa e o fortalecimento da livre iniciativa. Atua institucionalmente em nome de mais de 500 mil empresas, que juntas representam mais de 5% do PIB brasileiro, geram 4,6 milhões de empregos e movimentam R$ 340 bilhões por ano.

SPC Brasil – Há mais de 60 anos no mercado, o SPC Brasil possui um dos mais completos bancos de dados da América Latina, com informações de crédito de pessoas físicas e jurídicas. É a plataforma de inovação do Sistema CNDL para apoiar empresas em conhecimento e inteligência para crédito, identidade digital e soluções de negócios. Oferece serviços que geram benefícios compartilhados para sociedade, ao auxiliar na tomada de decisão e fomentar o acesso ao crédito. É também referência em pesquisas, análises e indicadores que mapeiam o comportamento do mercado, de consumidores e empresários brasileiros, contribuindo para o desenvolvimento da economia do país.

Sobre a Offerwise – Há mais de 16 anos que a Offerwise vem abordando de maneiras inovadoras a pesquisa de mercado. Com um modelo único e próprio de recrutamento tem conseguido construir um dos principais painéis de pesquisa no mundo, evoluindo para uma empresa robusta de campo online com uso de tecnologia avançada. Detém o maior e mais representativo painel da América Latina e Hispânico nos EUA. Os escritórios ao redor do mundo estão compostos por profissionais de pesquisa de mercado que conhecem e compreendem suas culturas locais e também os consumidores que se deseja alcançar.

Informações à Imprensa

Marina Barbosa (61) 9 8340 0257 | imprensa@cndl.org.br

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Inadimplência de pessoas físicas no brasil acelera e atinge 71,37 milhões de devedores em julho, aponta CNDL/SPC Brasil

Por: CNDL Brasil 14 de agosto de 2025

O cenário da inadimplência no Brasil continua a se agravar, com o país registrando um aumento no ritmo de crescimento anual de devedores e dívidas. Em julho de 2025, o Indicador de Inadimplência de Pessoas Físicas, apurado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) estima que 71,37 milhões de brasileiros estão com o nome negativado, representando 42,91% da população adulta do país.

A variação anual observada em julho de 2025 foi de 7,98% no número de inadimplentes em relação a julho de 2024. Na passagem de junho para julho, o número de devedores cresceu 0,23%.

Inadimplência de pessoas físicas no brasil acelera e atinge 71,37 milhões de devedores em julho, aponta CNDL/SPC Brasil

José César da Costa, presidente da CNDL, comenta a persistência do cenário. “Ainda que a variação mensal tenha mostrado uma desaceleração, o ritmo de crescimento anual da inadimplência se intensificou em julho, o que é um sinal de alerta. Isso significa que, apesar de algumas variações pontuais, o cenário de endividamento dos brasileiros continua complexo, com mais pessoas entrando para a lista de devedores ao longo do último ano. A alta persistente dos juros e a inflação ainda impactam o custo de vida, e a dificuldade de acesso a crédito seguem corroendo o poder de compra e a capacidade de honrar compromissos. O desafio não é só limpar o nome, mas romper com o ciclo da inadimplência crônica, o que exige mais do que acordos pontuais — requer planejamento, acesso a renegociações justas, educação financeira e ações do mercado e do Estado para evitar o endividamento constante e repetido”.

PERFIL DOS DEVEDORES: DÍVIDAS ANTIGAS E FAIXA ETÁRIA MANTÊM RELEVÂNCIA

A análise detalhada dos dados de julho de 2025 revela que o crescimento do indicador anual de devedores se concentrou no aumento de inclusões de consumidores com tempo de inadimplência de 3 a 4 anos, com uma variação de 44,32%. Embora ligeiramente menor que os 46,54% observados em junho para esse grupo, o dado reafirma a dificuldade de quitação de dívidas de longo prazo. O tempo médio de atraso das dívidas no Brasil atingiu 28,3 meses (aproximadamente 2,4 anos) em julho, um leve aumento em relação aos 28,1 meses de junho.

Inadimplência de pessoas físicas no brasil acelera e atinge 71,37 milhões de devedores em julho, aponta CNDL/SPC Brasil

Em relação à faixa etária, o grupo de 30 a 39 anos manteve a maior participação no total de devedores em julho, com 23,67%. São 17,62 milhões de pessoas nesta faixa etária registrada em cadastro de devedores. Tal montante equivale a 51,93% da população nesta faixa etária.

A distribuição por sexo permanece estável, com 51,13% de mulheres e 48,87% de homens entre os devedores, com a idade média dos inadimplentes permanecendo em 44,8 anos.

Inadimplência de pessoas físicas no brasil acelera e atinge 71,37 milhões de devedores em julho, aponta CNDL/SPC Brasil

DÍVIDAS MÉDIAS E SETORES CREDORES: BANCOS IMPULSIONAM AUMENTO GERAL

Em julho de 2025, cada consumidor negativado devia, em média, R$ 4.777,28 na soma de todas as suas dívidas. Cada inadimplente possuía, em média, dívidas com 2,21 empresas credoras, mantendo a média de junho.

A distribuição das dívidas por valor mostra que quase três em cada dez consumidores (30,21%) tinham dívidas de até R$ 500. Esse percentual atinge 43,42% quando consideradas dívidas de até R$ 1.000, indicando que grande parte da inadimplência ainda se concentra em valores menores.

O número de dívidas em atraso no Brasil também registrou um crescimento expressivo em julho de 2025, com um aumento de 13,81% em relação ao mesmo período de 2024. Na comparação mensal (junho para julho), o número de dívidas em atraso subiu 0,31%.

Ao analisar a evolução por setor credor, o segmento de Bancos continuou a se destacar, com o maior crescimento no número de dívidas em atraso, registrando um aumento de 17,01% na comparação anual de julho. Os setores de Água e Luz (9,97%) e Comunicação (3,68%) também apresentaram crescimento. Em contrapartida, as dívidas com o setor de Comércio (-0,24%) apresentaram uma leve queda no total de dívidas em atraso, em linha com a tendência de junho (-0,22%).

Em termos de participação no total de dívidas, o setor bancário segue predominante, com 66,65% do total, reiterando a forte influência das operações de crédito financeiro na inadimplência. Água e Luz aparece na sequência com 9,95%, seguido pelo Comércio com 9,43% e Outros com 8,23%.

INADIMPLÊNCIA POR REGIÃO: CENTRO-OESTE LIDERA ACELERAÇÃO

A análise regional da inadimplência de pessoas físicas revela que o Centro-Oeste apresentou a alta mais expressiva no número de inadimplentes na comparação anual em julho, com crescimento de 9,82%. Em termos de percentual da população adulta, a região também lidera, com 46,55% de seus habitantes incluídos em cadastros de devedores, consolidando-se como a região com a maior proporção de negativados. As demais regiões seguiram com aumentos anuais significativos: Sudeste (7,23%), Norte (6,42%), Nordeste (6,21%) e Sul (4,45%).

Quando se observa o número de dívidas em atraso por região, a maior alta anual em julho também veio do Centro-Oeste (17,05%), seguido por Sudeste (13,80%), Norte (13,19%), Nordeste (11,18%) e Sul (10,73%). A região Sul, por sua vez, continua com a menor proporção de negativados em relação à sua população adulta, com 37,71%.
“Os dados mostram que o número de dívidas cresceu em um ritmo superior ao crescimento no número de inadimplentes. Isso significa que as pessoas não apenas continuam devendo, como estão acumulando novas dívidas, criando um ciclo de endividamento contínuo”, alerta o presidente do SPC Brasil, Rique Pellizzaro Júnior.

“O indicador mostra que a média de atraso nas dívidas é superior a 28 meses e que 44,32% do crescimento da inadimplência vem de dívidas com mais de 3 anos de atraso, o que aponta que muitos consumidores estão paralisados financeiramente e não conseguem retomar o controle das suas contas. Além disso, é possível perceber que não são dívidas grandes que estão sufocando os brasileiros, mas sim pequenas dívidas que se acumulam ao longo do tempo. Muitas vezes, essas pendências vêm de contas básicas como água, luz, celular ou compras parceladas em valores baixos — e quando não são resolvidas logo, acabam virando uma bola de neve, com juros altos e impactos sérios para o crédito do consumidor”, afirma o presidente do SPC Brasil.

Sobre a CNDL – Criada em 1960, a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) é formada por Federações de Câmaras de Dirigentes Lojistas nos estados (FCDLs), Câmaras de Dirigentes Lojistas nos municípios (CDLs), SPC Brasil e CDL Jovem, entidades que, em conjunto, compõem o Sistema CNDL. É a principal rede representativa do varejo no país e tem como missão a defesa e o fortalecimento da livre iniciativa. Atua institucionalmente em nome de mais de 500 mil empresas, que juntas representam 9% do PIB brasileiro e 17% do PIB do setor, geram 7 milhões de empregos e movimentam R$ 600 bilhões por ano.

Sobre o SPC Brasil – Há mais de 60 anos no mercado, o SPC Brasil é um dos mais tradicionais bureaux de crédito da América Latina, com uma robusta base de dados com informações de crédito de pessoas físicas e jurídicas. É a plataforma de inovação do Sistema CNDL para apoiar empresas em conhecimento e inteligência para crédito, identidade digital e soluções de negócios. Possui 232 milhões de CPFs no seu banco de dados, 57 milhões de CNPJs cadastrados e 120 milhões de consultas por mês. Oferece serviços que geram benefícios compartilhados para sociedade, ao auxiliar na tomada de decisão e fomentar o acesso ao crédito. É também referência em pesquisas, análises e indicadores que mapeiam o comportamento do mercado, de consumidores e empresários brasileiros, contribuindo para o desenvolvimento da economia do país.

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